Você já ouviu falar no Transtorno de Personalidade Borderline (TPB)? Embora o nome pareça distante, essa condição é mais comum do que parece – e, principalmente, mais humana do que muitos imaginam.
O TPB é um transtorno de personalidade caracterizado por intensas oscilações emocionais, medo profundo de abandono, impulsividade e um sentimento constante de vazio. Pessoas com esse diagnóstico costumam viver relações intensas e marcadas por altos e baixos, e podem sentir o mundo de forma muito mais intensa do que a maioria das pessoas.
Como é o transtorno de personalidade borderline?
O Borderline não é uma “fraqueza emocional”. É uma forma diferente de sentir, reagir e se relacionar. Quem convive com o transtorno pode amar profundamente em um momento e, no instante seguinte, sentir raiva ou medo de perder o vínculo. Pequenas situações – como um atraso, uma mensagem não respondida ou um olhar distante – podem ser interpretadas como rejeição ou abandono.
Essas mudanças de humor acontecem porque a pessoa sente de forma muito intensa. É como se o mundo emocional estivesse sempre no volume máximo.
Estima-se que entre 1,5% e 5,9% da população mundial tenha o transtorno, segundo o DSM-5-TR e o Hospital Albert Einstein. No entanto, muitos casos ainda passam despercebidos ou são confundidos com outros quadros, como depressão, ansiedade ou bipolaridade.
Causas e fatores de risco
A origem do TPB costuma envolver uma combinação de fatores genéticos, biológicos e experiências precoces de vida. Entre os principais fatores associados estão:
experiências traumáticas na infância (como abuso, negligência ou perda de cuidadores);
histórico familiar de transtornos mentais;
e maior sensibilidade emocional desde cedo.
Pesquisas indicam que parentes de primeiro grau têm cinco vezes mais chances de desenvolver o transtorno.
Sintomas mais comuns
Os sintomas podem variar muito de pessoa para pessoa, mas costumam incluir:
medo intenso de ser abandonado;
relações afetivas intensas e instáveis;
mudanças rápidas na autoimagem e nos sentimentos sobre si mesmo;
impulsividade (como gastos excessivos, abuso de substâncias ou comportamento sexual de risco);
sentimentos crônicos de vazio;
dificuldade em controlar a raiva;
automutilação e pensamentos suicidas em momentos de dor emocional intensa.
Esses sintomas não significam falta de força ou de caráter. Eles mostram quanto a dor emocional é real e o quanto o sofrimento merece acolhimento e tratamento adequado.
Convivendo com o TPB
Pessoas com TPB muitas vezes sentem que “são demais” ou “não pertencem a lugar nenhum”. Por isso, é comum que tentem agradar, se anulem ou reajam com intensidade quando percebem rejeição. Essas dinâmicas tornam os relacionamentos desafiadores, tanto para quem convive com o transtorno quanto para quem está por perto.
Porém, com acompanhamento adequado, é possível ter uma vida estável, saudável e com vínculos reais. O diagnóstico não define quem a pessoa é – ele apenas ajuda a entender o que precisa de cuidado.
Tratamento e acolhimento
O tratamento mais indicado é multidisciplinar, envolvendo psicoterapia, acompanhamento psiquiátrico e, quando necessário, o uso de medicação. Entre as abordagens terapêuticas mais eficazes estão:
Terapia Comportamental Dialética (DBT),
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC),
e abordagens analíticas e expressivas, como a arteterapia.
A arteterapia pode ser uma aliada importante, pois permite que sentimentos difíceis encontrem espaço para se expressar através da criação – seja com tintas, formas ou símbolos. Ao representar o que se sente, a pessoa borderline pode começar a organizar o caos interno e reconstruir uma sensação de identidade e pertencimento.
Uma palavra final
Conviver com o borderline é conviver com intensidade. Mas por trás dessa intensidade há um desejo profundo de conexão, amor e aceitação. Essas pessoas não precisam de julgamentos – precisam de compreensão, paciência e cuidado.
Com tratamento e suporte adequados, é possível encontrar equilíbrio e viver de forma plena. E, acima de tudo, o TPB não é o que define uma pessoa, mas apenas uma parte da sua história.
Daniel Bortolin¹ ¹Estudante de Psicologia Analítica Junguiana.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico de base multifatorial que se manifesta, tipicamente, na infância e pode persistir na vida adulta. Este artigo apresenta uma síntese introdutória sobre conceitos, prevalência estimada, neurobiologia, manifestações clínicas em diferentes faixas etárias, comorbidades frequentes, critérios diagnósticos (DSM-5-TR), tratamentos baseados em evidências e diretrizes legais brasileiras pertinentes ao contexto educacional. Destaca-se a necessidade de avaliação clínica criteriosa, manejo multimodal e psicoeducação para reduzir estigmas e melhorar o prognóstico.
Introdução
A maior visibilidade da saúde mental, a ampliação do acesso a serviços e o aperfeiçoamento de protocolos diagnósticos têm aumentado a identificação adequada de casos de TDAH, sem que isso implique que “todos tenham um pouco do transtorno”. As diretrizes reforçam avaliação criteriosa, história do desenvolvimento e exclusão de causas alternativas (NICE, 2018; CDC, 2024).
O que é TDAH?
O TDAH é um transtorno neurobiológico caracterizado por padrões persistentes de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade, com início na infância, causando prejuízo clinicamente significativo em dois ou mais contextos (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2022).
“TDA” ou TDAH?
No uso comum, “TDA” costuma designar a apresentação predominantemente desatenta. No DSM-5-TR, o TDAH apresenta três perfis: (a) predominantemente desatento; (b) predominantemente hiperativo/impulsivo; (c) combinado (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2022).
Panorama neurobiológico
Evidências apontam diferenças funcionais em redes fronto-estriatais, especialmente no córtex pré-frontal, implicadas em controle inibitório, planejamento e memória de trabalho. Também se observam disfunções em dopamina e noradrenalina, que influenciam motivação, atenção sustentada e o sistema de recompensa (NICE, 2018). Tais achados ajudam a compreender fenótipos como procrastinação em tarefas pouco reforçadoras e episódios de hiperfoco em atividades altamente interessantes.
Origem e fatores de risco
O TDAH possui forte componente genético, sem gene único determinante; há contribuição poligênica somada a fatores ambientais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2022). Em famílias com um membro com TDAH, a chance de outros parentes apresentarem o transtorno é significativamente maior (CDC, 2024).
Sinais e sintomas por faixa etária
1 Crianças e adolescentes
Desatenção (erros por descuido, perda de materiais, dificuldade de sustentar atenção) e hiperatividade/impulsividade (inquietude, interrupções, fala excessiva), com impacto escolar e social (CDC, 2024).
2 Adultos
Predominam desatenção cotidiana, dificuldades de organização e priorização, inquietação interna e impulsividade, com repercussões acadêmicas, ocupacionais e afetivas (NICE, 2018).
Comorbidades frequentes
Transtornos de ansiedade e depressão, transtornos do uso de substâncias, transtornos específicos de aprendizagem (p.ex., dislexia), transtorno desafiador opositor e tiques podem coexistir, exigindo manejo integrado (NICE, 2018).
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico e segue o DSM-5-TR: número mínimo de sintomas por ≥6 meses, início na infância, presença em múltiplos contextos e prejuízo funcional. Entrevistas, escalas validadas e informações de diferentes informantes auxiliam a decisão; não há exame único que “prove” TDAH (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2022; CDC, 2024).
Tratamento
O manejo é multimodal e individualizado: a) Psicoeducação e adaptações ambientais (rotinas, listas, divisão de tarefas); b) Intervenções psicológicas (p.ex., terapia cognitivo-comportamental com foco em organização, planejamento e regulação emocional); c) Farmacoterapia, quando indicada: estimulantes (metilfenidato, lisdexanfetamina) e não-estimulantes (atomoxetina, guanfacina), com monitoramento clínico (NICE, 2018; ABDA, 2025).
Aspectos legais no Brasil
A Lei nº 14.254/2021 estabelece a identificação precoce e o acompanhamento para educandos com TDAH, dislexia e outros transtornos de aprendizagem na educação básica, prevendo apoio pedagógico e integração escola-saúde (BRASIL, 2021).
Mitos e esclarecimentos
Dizer que TDAH é “falta de vontade” ignora sua natureza neurobiológica e os critérios diagnósticos. A discussão sobre “superdiagnóstico” deve considerar riscos de subdiagnóstico em alguns contextos e de excesso em outros, reforçando a avaliação por profissionais habilitados (NICE, 2018; CDC, 2024).
Conclusão
Pessoas com TDAH não são distraídas ou impulsivas por escolha. Trata-se de um modo de funcionamento cerebral distinto, que exige avaliação criteriosa e cuidado multimodal, psicoeducação, intervenções psicológicas, adaptações e, quando indicado, medicação. O manejo adequado reduz estigmas e melhora indicadores de qualidade de vida, desempenho acadêmico/profissional e relações interpessoais.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO (ABDA). TDAH – Associação Brasileira do Déficit de Atenção. São Paulo, 2025. Disponível em: https://tdah.org.br. Acesso em: 22 out. 2025.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 5th ed., text revision (DSM-5-TR). Washington, DC: APA, 2022.
BRASIL. Lei nº 14.254, de 30 de novembro de 2021. Estabelece diretrizes para a identificação e o acompanhamento de educandos com dislexia, TDAH e outros transtornos de aprendizagem na educação básica. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 1 dez. 2021.
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Diagnosing ADHD. Atlanta, 2024. Disponível em: https://www.cdc.gov/adhd/diagnosis. Acesso em: 22 out. 2025.
NATIONAL INSTITUTE FOR HEALTH AND CARE EXCELLENCE (NICE). Attention deficit hyperactivity disorder: diagnosis and management (NG87). London, 2018. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/ng87. Acesso em: 22 out. 2025.
Se você tem sentido que parou de fazer as coisas que antes gostava, saiba que não está sozinho. Embora pareça algo pequeno, esse afastamento pode ser um sinal importante de que algo dentro de você está pedindo atenção.
Neste post, vamos conversar com carinho sobre o que isso pode indicar, o que a ciência diz, e de que forma a arteterapia pode ajudar nesse processo de reconexão com você mesma.
O que significa quando paramos de fazer o que gostamos?
Em muitos casos, parar de fazer atividades prazerosas está diretamente ligado a quadros de esgotamento emocional, estresse crônico e, sobretudo, sintomas de depressão. Além disso, esse afastamento também pode surgir como consequência de sobrecarga, ansiedade, baixa autoestima ou até mesmo pela falta de motivação e energia.
Segundo a American Psychiatric Association (APA), uma das principais características da depressão é justamente a anedonia – ou seja, a perda de interesse ou prazer em atividades que antes eram apreciadas. Portanto, se você percebe que deixou de lado hobbies, práticas de autocuidado ou momentos de lazer, é importante observar com carinho o que pode estar por trás disso.
O que a ciência diz sobre isso?
Pesquisas indicam que a perda de interesse está entre os sintomas mais recorrentes da depressão. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), essa falta de prazer é um critério essencial para o diagnóstico. Além disso, estudos apontam que, ao longo do tempo, o afastamento do que gera bem-estar pode agravar quadros emocionais.
Por outro lado, a psicologia positiva e a neurociência vêm demonstrando que retomar gradualmente atividades significativas – mesmo que em pequenas doses – pode gerar impactos positivos no humor, na autoestima e na sensação de propósito.
Além disso, pesquisas como as de Treadway & Zald (2011) mostram que, quando o cérebro está em sofrimento, há uma diminuição da dopamina, neurotransmissor diretamente relacionado à motivação e ao prazer. Ou seja: parar de fazer o que se ama não é “preguiça” ou “frescura”, mas um sinal importante do sistema nervoso de que algo precisa ser acolhido.
É sempre depressão?
Nem sempre. Embora seja um dos sintomas centrais da depressão, essa sensação também pode estar presente em momentos de crise, transição ou até mesmo em períodos de autonegligência emocional.
Por isso, é essencial observar se outros sinais estão aparecendo juntos – como cansaço excessivo, baixa autoestima, pensamentos negativos frequentes, dificuldade de concentração, entre outros. Se sim, buscar ajuda psicológica pode ser um passo importante.
Como a arteterapia pode ajudar?
A arteterapia, por meio da expressão simbólica e da criação, ajuda a resgatar o contato com aquilo que te faz bem. Quando estamos tristes, muitas vezes é difícil colocar sentimentos em palavras. Nesse sentido, o fazer artístico se torna uma ponte entre o que está dentro e o que pode ser acolhido e ressignificado.
Além disso, criar com as mãos, cores e formas ativa regiões do cérebro ligadas à motivação e à emoção. Aos poucos, com suporte profissional, é possível se reconectar com seus próprios desejos, vontades e gostos – mesmo que de maneira sutil e gradual.
Portanto, Segundo Cathy Malchiodi (2005), a arteterapia facilita o acesso às camadas mais profundas da psique, permitindo o surgimento de novos significados e caminhos de cura.
Um exercício simples pra mapear seus gostos: O Gostograma
Se você sente que está meio perdido em relação ao que gosta – ou se sente distante de si mesmo – esse exercício pode ser um ponto de partida:
Pegue uma folha e divida em quatro partes.
Em cada quadrado, escreva:
O que eu gosto e faço
O que eu gosto e não faço
O que eu não gosto e faço
O que eu não gosto e não faço
Reflita sobre o que apareceu em cada parte. Há algo que você gostaria de mudar? Qual pequena ação pode te ajudar a trazer mais daquilo que você ama pro seu dia a dia?
Esse exercício pode abrir caminhos de reflexão e, com o tempo, se transformar em um guia de reconexão com você mesmo.
Conclusão
Parar de fazer as coisas que você gosta não é frescura. É, na verdade, um sinal de que algo em você precisa de acolhimento, escuta e cuidado. A arteterapia pode ser uma forma sensível, criativa e profunda de começar essa jornada de volta pra si – e você merece esse carinho.
Parei de fazer as coisas que eu gosto
Fontes utilizadas:
American Psychiatric Association. (2014). DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Artmed. Cita a anedonia como um dos critérios diagnósticos centrais da depressão.
Treadway, M. T., & Zald, D. H. (2011). Reconsidering anhedonia in depression: Lessons from translational neuroscience.Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 35(3), 537–555. Estudo que investiga os circuitos cerebrais relacionados à motivação e prazer em quadros depressivos.
UBAAT — União Brasileira de Associações de Arteterapia.https://ubaat.org.br Referência nacional sobre práticas e regulamentação da arteterapia.
Levine, P. A. (2010). O despertar do tigre: Curando o trauma. Summus Editorial. Trata da importância da expressão corporal e criativa para regular emoções e recuperar o equilíbrio emocional.
A arteterapia é, sem dúvida, uma das práticas mais inclusivas quando falamos de cuidado emocional e desenvolvimento humano. Isso acontece porque ela não exige habilidades verbais, cognitivas ou motoras específicas. Aqui, não importa se a pessoa vê, fala, anda ou escuta – importa que ela sinta, que ela exista e que ela possa, através da criação, acessar seus próprios símbolos, emoções e vivências.
Na arteterapia, cada pessoa tem seu espaço, seu tempo e sua forma de se expressar. E, justamente por isso, ela é uma ferramenta extremamente potente para pessoas com deficiência, seja ela física, sensorial, intelectual, neurodivergente ou múltipla.
Arteterapia para pessoas com autismo
Quando falamos sobre TEA (Transtorno do Espectro Autista) ou outras neurodivergências, a arteterapia se torna uma verdadeira ponte entre o mundo interno e externo. Ela permite que sentimentos, pensamentos e experiências que nem sempre encontram espaço na fala possam ser elaborados através da criação.
Para pessoas autistas, por exemplo, o fazer artístico oferece segurança sensorial, previsibilidade e liberdade de expressão. Através da arte, é possível trabalhar a regulação emocional, o fortalecimento da autoestima, o desenvolvimento da autonomia e, muitas vezes, ampliar recursos de comunicação – seja verbal, seja não verbal.
Arteterapia para pessoas com deficiência visual
A arte não é, nem nunca foi, algo restrito ao olhar. Na arteterapia com pessoas cegas ou com baixa visão, o visual se torna apenas uma das muitas possibilidades – e não uma regra.
O foco se desloca para o sensorial: argila, massinha, tecidos, linhas, lixas, barbantes, objetos em relevo, superfícies texturizadas e até cheiros e sons fazem parte do processo criativo. O importante aqui não é o que se vê, mas o que se sente ao criar.
Além disso, o desenvolvimento da percepção tátil, da consciência corporal e da autonomia são ganhos naturais dentro desse processo.
Arteterapia para pessoas surdas, mudas ou com deficiência na comunicação verbal
Na arteterapia, a ausência da fala nunca é uma barreira. Afinal, a arte é, por natureza, uma linguagem não verbal, simbólica e universal.
Pessoas surdas ou não falantes encontram na criação artística um espaço de expressão livre, onde não é necessário explicar, traduzir ou verbalizar o que sentem. As cores, as formas, os gestos, os materiais e os símbolos se tornam palavras visíveis, cheias de significado.
Arteterapia para pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida
Limitações motoras nunca foram e nunca serão um impedimento para a criação. O próprio fazer artístico é adaptável, tanto nos materiais quanto nas ferramentas e nos suportes.
Pessoas que não movimentam os braços, por exemplo, podem pintar com os pés, com a boca, com rolinhos, esponjas ou até com movimentos mínimos dos dedos. O terapeuta adapta pincéis, amplia cabos, inclina mesas, traz suportes verticais ou horizontais, tudo para que o corpo da pessoa possa se posicionar da forma mais confortável e possível para ela criar.
A arteterapia, nesse contexto, não só oferece expressão, mas também trabalha fortalecimento da autonomia, autoestima, consciência corporal e, muitas vezes, auxilia no enfrentamento de frustrações, dores emocionais e desafios que surgem ao longo da vida.
Adaptações são parte da prática – e não exceção
A verdade é que, dentro da arteterapia, adaptar não é algo extraordinário. Adaptar é parte da ética, do cuidado e da própria essência do trabalho.
As adaptações acontecem nos materiais (trazendo texturas, sons, cheiros), no espaço (ajustando mesas, cadeiras, suportes) e, principalmente, no ritmo, no tempo e na escuta. Afinal, o que importa não é como a pessoa faz, mas o que aquele processo representa emocionalmente pra ela.
Conclusão: a arte não tem barreiras – e a arteterapia também não
Quando a palavra não dá conta, a arte chega. E quando a comunicação verbal não é possível, os símbolos, as cores, as texturas e os movimentos assumem esse papel.
A arteterapia se coloca, portanto, como uma prática profundamente sensível, acessível e, sobretudo, humana. Porque aqui, não importa se a pessoa fala, escuta, vê ou anda. Importa que ela sente, que ela vive – e que ela tem o direito de se expressar, se transformar e ser acolhida exatamente como ela é.
Se você está passando por um momento difícil, sentindo tristeza constante, desânimo, apatia ou até aquela sensação de vazio que não passa, saiba que você não está sozinho. Na verdade, a depressão é considerada uma das condições emocionais mais comuns no mundo.
Mas existe, sim, uma boa notícia: a arteterapia é uma ferramenta reconhecida e extremamente eficaz no enfrentamento da depressão. E isso não é apenas uma percepção dos profissionais da área, mas também algo amplamente comprovado pela ciência, por pesquisas e pela prática clínica.
Ao longo desse artigo, você vai entender exatamente como e por que a arteterapia ajuda no alívio da depressão, de que forma ela atua na mente e nas emoções e, principalmente, como isso acontece na prática.
Afinal, o que é depressão – e como ela impacta sua vida?
Antes de tudo, é fundamental compreender que depressão não é frescura, não é preguiça e, muito menos, falta de força de vontade. Na verdade, trata-se de uma condição de saúde mental séria, que afeta diretamente o humor, os pensamentos, as emoções, o corpo e até as relações.
Quem vive a depressão frequentemente sente:
Tristeza profunda, que não passa com o tempo;
Desânimo, cansaço constante e falta de energia;
Perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas;
Sensação de vazio, desesperança ou até culpa constante;
Alterações no sono, no apetite e na concentração;
Pensamentos negativos recorrentes, inclusive sobre si mesma e sobre o futuro.
Portanto, a depressão não afeta apenas o emocional – ela atinge, de forma muito intensa, o corpo, a mente e até a própria percepção de quem você é.
O que acontece no cérebro de quem tem depressão?
Do ponto de vista da neurociência, a depressão está relacionada a uma série de alterações bioquímicas e estruturais no cérebro. Por exemplo:
Redução de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina, que são responsáveis pela regulação do humor, da motivação e da sensação de prazer;
Hiperatividade da amígdala cerebral, que gera aumento de pensamentos negativos, autocobrança e percepção de ameaça;
Diminuição da atividade no córtex pré-frontal, que prejudica a clareza mental, o raciocínio e a tomada de decisões;
E, consequentemente, aumento da ruminação mental, da procrastinação e da sensação de paralisia emocional.
Porém, a boa notícia é que o cérebro tem plasticidade. Isso significa que, com estímulos corretos – como acontece na arteterapia -, ele pode, sim, se reorganizar, criar novas conexões e, pouco a pouco, restaurar seu equilíbrio.
Como, então, a arteterapia ajuda na depressão?
Primeiro, porque oferece um espaço seguro, livre de julgamentos, onde a pessoa pode se expressar de maneira simbólica, mesmo quando as palavras não são suficientes.
Segundo, porque o processo criativo ativa áreas do cérebro responsáveis pela regulação emocional, pela liberação de neurotransmissores do bem-estar e pela construção de novas redes neurais.
Além disso, criar – seja desenhando, pintando, colando, modelando ou escrevendo – ajuda a acessar emoções, organizar pensamentos e aliviar a sobrecarga mental que, muitas vezes, é intensa na depressão.
O fazer artístico permite, também, que a pessoa entre em contato com partes de si que estavam adormecidas, esquecidas ou até sufocadas pela dor. Aos poucos, surge o resgate da autoestima, da autoconfiança, da vitalidade e do senso de pertencimento.
E mais: além de aliviar sintomas, a arteterapia fortalece os recursos internos da pessoa, ajudando-a a desenvolver estratégias para lidar com seus desafios emocionais de forma mais leve e autêntica.
Na prática, como a arteterapia ajuda quem tem depressão?
Oferece um espaço acolhedor, sem julgamentos, onde você pode se expressar livremente, mesmo sem palavras.
Permite que pensamentos negativos, dores e angústias saiam da mente e se transformem em imagens, símbolos e criações.
Ativa neurotransmissores do bem-estar (dopamina e serotonina), reduz cortisol e proporciona alívio emocional.
Estimula estados de presença, foco e relaxamento, combatendo o ciclo de ruminação mental típico da depressão.
Fortalece a autoestima, a vitalidade e a sensação de pertencimento, ajudando a recuperar, pouco a pouco, o prazer pela vida.
Conclusão: sim, a arteterapia é indicada para depressão
Se você está enfrentando a depressão, saiba que existe, sim, um caminho sensível, criativo e profundamente transformador para se cuidar. A arteterapia te convida a sair, pouco a pouco, desse lugar de dor e isolamento, e te conduz a reencontrar suas cores, sua voz e sua própria força interna.
Aqui, não importa se você sabe desenhar. Não importa se você nunca fez arte na vida. O que importa, de verdade, é que você se permita viver esse processo – e, aos poucos, se redescobrir.
Portanto, se você buscava um sinal, talvez ele seja esse.
Se você sofre com ansiedade – ou, pelo menos, sente que ela te acompanha em vários momentos da vida -, saiba que você não está sozinho. Na verdade, esse é um dos maiores desafios da nossa geração.
Mas existe, sim, uma boa notícia: a arteterapia é uma ferramenta extremamente eficaz no manejo da ansiedade. E isso não é apenas uma percepção clínica, mas sim algo amplamente comprovado pela ciência, por estudos e, claro, pela prática diária de quem vive esse processo.
Ao longo deste artigo, você vai entender exatamente como e por que a arteterapia ajuda no alívio da ansiedade, quais são os mecanismos envolvidos e, principalmente, como isso acontece na prática.
Por que a ansiedade aparece – e como ela impacta sua vida?
Antes de tudo, é essencial entender que a ansiedade, em sua essência, é uma resposta natural do nosso organismo. Ou seja, ela surge para nos proteger de ameaças, ajudando a manter nosso cérebro em alerta diante de perigos.
Porém, quando esse estado de alerta se torna constante – sem motivo real, ou desproporcional às situações -, ele deixa de ser funcional e passa a gerar sofrimento. E é justamente aí que surgem sintomas como:
Taquicardia, aperto no peito e falta de ar;
Pensamentos acelerados e dificuldade para desligar a mente;
Medo excessivo, preocupações constantes e sensação de ameaça;
Insônia, cansaço extremo e tensão muscular;
Sensação de estar sobrecarregada, perdida ou fora de controle.
E é exatamente nesse ponto que a arteterapia, dentre várias técnicas, se torna uma grande aliada.
O que acontece no cérebro de quem sofre com ansiedade?
Sempre que você se sente ansioso, o sistema límbico – responsável pelas emoções – entra em estado de alerta máximo. Nesse momento, a amígdala cerebral dispara sinais de perigo, liberando cortisol (o hormônio do estresse) e adrenalina.
Isso ativa o chamado sistema nervoso simpático, que prepara o corpo para fugir, lutar ou se esconder. Por isso, o coração acelera, os músculos ficam tensos, e a mente entra em hiperatividade, buscando prever, controlar ou evitar possíveis ameaças.
Porém, quando esse estado se mantém por muito tempo, o corpo e a mente entram em exaustão. A boa notícia é que, através de práticas como a arteterapia, é possível ativar o sistema nervoso parassimpático, aquele responsável por acalmar, relaxar e restaurar o equilíbrio.
Mas… como exatamente a arteterapia ajuda na ansiedade?
Primeiro, porque ela oferece um espaço seguro de expressão. Muitas vezes, a ansiedade surge justamente pela dificuldade de processar pensamentos e emoções que ficam acumulados, sem espaço pra serem elaborados.
Além disso, o processo criativo ativa redes neurais ligadas à regulação emocional, ao foco, à presença e ao bem-estar. Isso significa que, enquanto você desenha, pinta, cola, modela ou escreve, seu cérebro começa, gradativamente, a reduzir a atividade da amígdala e aumentar a do córtex pré-frontal – região responsável pelo raciocínio, pela tomada de decisões e pelo equilíbrio emocional.
Durante a prática, há também a redução dos níveis de cortisol e o aumento da produção de dopamina e serotonina – neurotransmissores diretamente ligados à sensação de prazer, calma e bem-estar.
Além disso, o fazer simbólico permite que pensamentos ansiosos saiam da mente e ganhem forma. Ao desenhar suas emoções, criar mandalas, colagens ou outras produções, você externaliza aquilo que estava preso, muitas vezes, de forma confusa, e dá a ele um novo significado.
Portanto, a arteterapia não é apenas uma prática relaxante – ela é, acima de tudo, uma ferramenta poderosa de regulação emocional, neurofisiológica e psíquica.
Na prática, como a arteterapia pode ajudar você a lidar com sua ansiedade?
Proporciona um espaço seguro para expressar aquilo que você sente, mesmo quando não tem palavras.
Através da criação, você reduz os níveis de cortisol e, ao mesmo tempo, ativa sensações de calma, relaxamento e bem-estar.
Permite que pensamentos acelerados, angústias e preocupações se transformem em imagens, símbolos e narrativas que podem ser, enfim, ressignificadas.
Estimula estados de presença, foco e autocontrole emocional, reduzindo crises e prevenindo sobrecargas futuras.
E mais: fortalece a autoestima, a autoconfiança e o senso de que você é capaz de se cuidar, se acolher e se equilibrar emocionalmente.
Arteterapia ajuda com ansiedade?
Conclusão: sim, a arteterapia ajuda na ansiedade – e a ciência comprova isso.
Se você sente que sua mente não para, que sua ansiedade parece te engolir e que o estresse virou seu estado padrão, saiba que você não precisa mais enfrentar isso sozinho.
A arteterapia oferece um caminho sensível, criativo e, acima de tudo, cientificamente comprovado para que você possa aliviar a ansiedade, se reencontrar consigo e, finalmente, viver com mais leveza, clareza e equilíbrio emocional.
Aqui, não importa se você não sabe desenhar. Não importa se nunca fez arte na vida. O que importa, de verdade, é que você se permita viver esse processo, cuidar de você e transformar seu mundo interno – um traço, uma cor, um símbolo de cada vez.