Arteterapia ajuda com ansiedade? O que dizem os estudos

Arteterapia ajuda com ansiedade? O que dizem os estudos

Se você sofre com ansiedade – ou, pelo menos, sente que ela te acompanha em vários momentos da vida -, saiba que você não está sozinho. Na verdade, esse é um dos maiores desafios da nossa geração.

Mas existe, sim, uma boa notícia: a arteterapia é uma ferramenta extremamente eficaz no manejo da ansiedade. E isso não é apenas uma percepção clínica, mas sim algo amplamente comprovado pela ciência, por estudos e, claro, pela prática diária de quem vive esse processo.

Ao longo deste artigo, você vai entender exatamente como e por que a arteterapia ajuda no alívio da ansiedade, quais são os mecanismos envolvidos e, principalmente, como isso acontece na prática.

Por que a ansiedade aparece – e como ela impacta sua vida?

Antes de tudo, é essencial entender que a ansiedade, em sua essência, é uma resposta natural do nosso organismo. Ou seja, ela surge para nos proteger de ameaças, ajudando a manter nosso cérebro em alerta diante de perigos.

Porém, quando esse estado de alerta se torna constante – sem motivo real, ou desproporcional às situações -, ele deixa de ser funcional e passa a gerar sofrimento. E é justamente aí que surgem sintomas como:

  • Taquicardia, aperto no peito e falta de ar;
  • Pensamentos acelerados e dificuldade para desligar a mente;
  • Medo excessivo, preocupações constantes e sensação de ameaça;
  • Insônia, cansaço extremo e tensão muscular;
  • Sensação de estar sobrecarregada, perdida ou fora de controle.

E é exatamente nesse ponto que a arteterapia, dentre várias técnicas, se torna uma grande aliada.

O que acontece no cérebro de quem sofre com ansiedade?

Sempre que você se sente ansioso, o sistema límbico – responsável pelas emoções – entra em estado de alerta máximo. Nesse momento, a amígdala cerebral dispara sinais de perigo, liberando cortisol (o hormônio do estresse) e adrenalina.

Isso ativa o chamado sistema nervoso simpático, que prepara o corpo para fugir, lutar ou se esconder. Por isso, o coração acelera, os músculos ficam tensos, e a mente entra em hiperatividade, buscando prever, controlar ou evitar possíveis ameaças.

Porém, quando esse estado se mantém por muito tempo, o corpo e a mente entram em exaustão. A boa notícia é que, através de práticas como a arteterapia, é possível ativar o sistema nervoso parassimpático, aquele responsável por acalmar, relaxar e restaurar o equilíbrio.

Mas… como exatamente a arteterapia ajuda na ansiedade?

Primeiro, porque ela oferece um espaço seguro de expressão. Muitas vezes, a ansiedade surge justamente pela dificuldade de processar pensamentos e emoções que ficam acumulados, sem espaço pra serem elaborados.

Além disso, o processo criativo ativa redes neurais ligadas à regulação emocional, ao foco, à presença e ao bem-estar. Isso significa que, enquanto você desenha, pinta, cola, modela ou escreve, seu cérebro começa, gradativamente, a reduzir a atividade da amígdala e aumentar a do córtex pré-frontal – região responsável pelo raciocínio, pela tomada de decisões e pelo equilíbrio emocional.

Durante a prática, há também a redução dos níveis de cortisol e o aumento da produção de dopamina e serotonina – neurotransmissores diretamente ligados à sensação de prazer, calma e bem-estar.

Além disso, o fazer simbólico permite que pensamentos ansiosos saiam da mente e ganhem forma. Ao desenhar suas emoções, criar mandalas, colagens ou outras produções, você externaliza aquilo que estava preso, muitas vezes, de forma confusa, e dá a ele um novo significado.

Portanto, a arteterapia não é apenas uma prática relaxante – ela é, acima de tudo, uma ferramenta poderosa de regulação emocional, neurofisiológica e psíquica.

Na prática, como a arteterapia pode ajudar você a lidar com sua ansiedade?

  • Proporciona um espaço seguro para expressar aquilo que você sente, mesmo quando não tem palavras.
  • Através da criação, você reduz os níveis de cortisol e, ao mesmo tempo, ativa sensações de calma, relaxamento e bem-estar.
  • Permite que pensamentos acelerados, angústias e preocupações se transformem em imagens, símbolos e narrativas que podem ser, enfim, ressignificadas.
  • Estimula estados de presença, foco e autocontrole emocional, reduzindo crises e prevenindo sobrecargas futuras.
  • E mais: fortalece a autoestima, a autoconfiança e o senso de que você é capaz de se cuidar, se acolher e se equilibrar emocionalmente.

Arteterapia ajuda com ansiedade?
Arteterapia ajuda com ansiedade?

Conclusão: sim, a arteterapia ajuda na ansiedade – e a ciência comprova isso.

Se você sente que sua mente não para, que sua ansiedade parece te engolir e que o estresse virou seu estado padrão, saiba que você não precisa mais enfrentar isso sozinho.

A arteterapia oferece um caminho sensível, criativo e, acima de tudo, cientificamente comprovado para que você possa aliviar a ansiedade, se reencontrar consigo e, finalmente, viver com mais leveza, clareza e equilíbrio emocional.

Aqui, não importa se você não sabe desenhar. Não importa se nunca fez arte na vida. O que importa, de verdade, é que você se permita viver esse processo, cuidar de você e transformar seu mundo interno – um traço, uma cor, um símbolo de cada vez.

Referências:

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O que dizem os estudos sobre arteterapia e ansiedade

O que dizem os estudos sobre arteterapia e ansiedade

Você já sentiu que colocar no papel o que está dentro de você – mesmo que de forma abstrata – traz um alívio imediato? Pois saiba que a ciência tem investigado exatamente isso. Cada vez mais, estudos mostram que a arteterapia pode ser uma aliada poderosa no tratamento da ansiedade.

Neste artigo, reuni duas pesquisas importantes que apontam os efeitos positivos da criação artística na saúde emocional. Tudo foi traduzido de forma leve, para que você compreenda sem precisar ser da área da saúde.

Arteterapia reduz a ansiedade? A ciência diz que sim.

Em 2024, uma meta-análise publicada na base Scielo analisou 422 casos de crianças e adolescentes, e o impacto da arteterapia na ansiedade. Os resultados foram consistentes: a arteterapia reduziu significativamente os níveis de ansiedade nos participantes.

Além disso, o benefício não dependia de “saber desenhar”. O que importava era o processo de criar, explorar e se expressar. Ou seja, o que cura não é a técnica em si, mas a abertura para o simbólico.

Quando a arte encontra o mindfulness: MBAT

Outro estudo relevante investigou uma abordagem chamada Mindfulness-Based Art Therapy (MBAT) — uma combinação entre atenção plena (mindfulness) e expressão artística. Essa prática é utilizada principalmente com pessoas que sofrem de ansiedade e estresse crônico.

De acordo com a pesquisa, os participantes passaram por sessões onde primeiro faziam exercícios de respiração e centramento e, em seguida, criavam com materiais livres como tinta, giz e colagem. O foco não era “produzir algo bonito”, mas estar presente no aqui e agora, usando a arte como ponte.

Os efeitos relatados foram impressionantes: maior sensação de presença, redução de sintomas ansiosos, melhora no sono e até aumento da autoestima. Com o tempo, os participantes passaram a reconhecer seus gatilhos emocionais com mais clareza, o que fortaleceu a autonomia emocional.

O que isso significa na prática?

Esses estudos mostram o que muitos arteterapeutas já observam no dia a dia: a criação artística ajuda a organizar aquilo que está bagunçado por dentro.

Para quem vive com ansiedade, a arteterapia pode ser um espaço seguro para se expressar, descarregar tensão e construir uma relação mais gentil com as próprias emoções. E o melhor: não precisa ter talento ou formação artística. Basta estar disponível para experimentar.

Por fim, a ciência vem apenas confirmando aquilo que a prática já revela há tempos – que a arte pode sim ser um recurso de cuidado emocional profundo, potente e acessível.

Fontes:

  • Zhang B. et al. (2021). The effects of art therapy interventions on anxiety in children and adolescents: A meta-analysis.
  • Monti, D. A. et al. (2006). Mindfulness-Based Art Therapy (MBAT) for women with cancer: Psychological effects. Publicado no PubMed.

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