Muitas pessoas têm curiosidade sobre o que acontece em uma sessão de terapia – afinal, dar o primeiro passo pode ser desafiador. No entanto, saber como esse processo funciona pode trazer mais segurança, acolhimento e motivação para iniciar.
Neste post, vamos explorar, de forma clara e acessível, o que é a terapia, como uma sessão acontece, o que a ciência diz sobre seus benefícios, os tipos de terapia existentes e, claro, como a arteterapia se insere nesse universo.
O que é terapia?
A terapia é um espaço de escuta acolhedora, conduzido por um profissional capacitado, em que você pode falar sobre seus sentimentos, pensamentos, comportamentos e dificuldades. Diferentemente do que muitos imaginam, o objetivo não é “dar conselhos”. Em vez disso, a terapia ajuda você a compreender melhor a si mesmo(a), encontrar caminhos, ressignificar dores e desenvolver recursos internos para lidar com os desafios da vida.
Além disso, a terapia pode ser uma jornada de autoconhecimento profundo, mesmo quando não há um sofrimento evidente. Ou seja, é um espaço que se adapta às suas necessidades, sejam elas urgentes ou preventivas.
Como funciona uma sessão de terapia?
Embora cada profissional tenha seu estilo e abordagem, a estrutura básica de uma sessão costuma seguir alguns princípios:
A duração média é de 50 minutos a 1 hora;
É um ambiente seguro e sigiloso, no qual tudo o que é dito permanece protegido;
O terapeuta pode fazer perguntas, propor reflexões ou intervenções, sempre de acordo com a abordagem que utiliza;
A escuta é ativa, sem julgamentos, e há um foco constante no bem-estar do paciente.
Algumas sessões podem ter mais conversa; outras, mais silêncio ou exercícios. Contudo, com o tempo, você percebe que é um espaço para ser você mesmo(a) – com todas as suas emoções, dúvidas e descobertas.
O que a ciência diz sobre a terapia?
Diversos estudos comprovam a eficácia da terapia no tratamento de questões emocionais e transtornos mentais. A psicoterapia, por exemplo, é amplamente recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como primeira linha de tratamento para depressão, ansiedade e estresse.
Além disso, uma pesquisa publicada pela American Psychological Association mostrou que, para muitas pessoas, os benefícios da psicoterapia continuam por muito tempo após o término do processo terapêutico. Portanto, trata-se de um investimento com efeitos duradouros.
No que a terapia pode ajudar?
A terapia pode auxiliar em diferentes contextos e fases da vida, como:
Ansiedade e estresse;
Depressão e tristeza profunda;
Dificuldades nos relacionamentos;
Perdas e luto;
Autoestima e identidade;
Tomada de decisões importantes;
Autoconhecimento e propósito;
Sentimento de estagnação;
Traumas e vivências do passado.
É importante lembrar que você não precisa “estar mal” para começar. Pelo contrário, buscar terapia pode ser uma forma inteligente de prevenção emocional.
Diferentes tipos de terapia
Existem diversas abordagens terapêuticas, cada uma com sua forma específica de compreender o ser humano. Conhecer algumas delas ajuda você a escolher aquela com a qual mais se identifica:
Psicanálise: Foca nos conteúdos inconscientes e nas experiências da infância;
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Trabalha pensamentos, comportamentos e crenças;
Gestalt-terapia: Valoriza o aqui e agora e a tomada de consciência;
Terapia Sistêmica: Olha para o indivíduo em seus vínculos familiares e sociais;
Arteterapia: Usa a expressão artística como ferramenta terapêutica.
Sendo assim, cada abordagem possui suas estratégias e benefícios. Cabe a você, junto ao profissional, escolher o melhor caminho.
O que é a arteterapia?
A arteterapia é uma abordagem terapêutica que utiliza a arte como meio de expressão, autoconhecimento e transformação. Diferentemente do que muitos pensam, não é preciso saber desenhar, pintar ou fazer arte “bonita”. Isso porque, na arteterapia, o foco está no processo, e não no resultado final.
Portanto, Por meio de materiais como tintas, argila, colagens, desenho e escrita, o paciente acessa conteúdos internos que, muitas vezes, são difíceis de colocar em palavras. Assim, a criatividade se torna uma ponte para acessar emoções, memórias e possibilidades de cura.
Como a arteterapia pode ajudar?
A arteterapia tem se mostrado eficaz em diversos contextos emocionais e psicológicos. Entre seus principais benefícios, podemos destacar:
Regulação emocional mais consciente;
Redução da ansiedade;
Resgate da criatividade e espontaneidade;
Elaboração de traumas e perdas;
Fortalecimento da autoestima e identidade;
Promoção do bem-estar e da presença.
Além disso, a arteterapia pode ser especialmente benéfica para quem tem dificuldade de se expressar verbalmente. Em outras palavras, é uma alternativa acolhedora e poderosa.
Conclusão
Em resumo, a terapia é um espaço de escuta, transformação e crescimento pessoal. As sessões são construídas em parceria com o terapeuta, e a arte pode ser uma aliada poderosa nesse caminho.
Se você sente que está pronto(a) para iniciar essa jornada – ou mesmo se ainda está apenas cogitando -, saiba que é possível encontrar uma abordagem que combine com você. E, talvez, a arteterapia seja exatamente o que seu coração precisa neste momento.
Você sente que os dias passam e você nem percebe? Que está sempre fazendo mil coisas, mas sem realmente estar presente em nenhuma delas? Se sim, saiba que você não está sozinho. Essa sensação de viver no piloto automático é mais comum do que parece – e pode ser um sinal de que algo em você está pedindo atenção.
O que significa viver no automático?
Viver no automático é passar pelos dias como se estivéssemos apenas cumprindo tarefas, sem consciência plena do que sentimos, pensamos ou escolhemos. Embora todos nós façamos isso em alguns momentos, o problema surge quando esse modo de funcionamento se torna constante.
A ciência chama esse fenômeno de desconexão com a experiência presente, um padrão mental que nos afasta de nós mesmos e das nossas emoções. Segundo estudiosos da psicologia cognitiva e da neurociência, esse estado de automatismo pode estar associado a altos níveis de estresse, ansiedade e insatisfação com a vida .
Além disso, pesquisas em psicologia positiva indicam que o bem-estar está fortemente relacionado à presença consciente e ao cultivo da atenção plena. Em outras palavras, viver no automático não só nos afasta da alegria de viver, mas também nos impede de fazer escolhas com intenção.
Como a terapia pode ajudar?
A psicoterapia é uma ferramenta poderosa para quem deseja sair do piloto automático e se reconectar com seus desejos, sentimentos e valores. Isso acontece porque o processo terapêutico oferece:
Um espaço de escuta e acolhimento sem julgamentos;
Ferramentas para identificar padrões repetitivos de comportamento;
Reflexões que ajudam a fazer escolhas mais conscientes e alinhadas com quem você é;
Estratégias de enfrentamento para lidar com sobrecarga, estresse e cansaço emocional.
Aos poucos, com apoio profissional, a pessoa aprende a desacelerar, a olhar para dentro e a recuperar o sentido das suas ações.
Como a arteterapia pode ajudar quem vive no automático?
A arteterapia, por sua vez, é uma abordagem terapêutica que pode ser especialmente transformadora nesse processo. Isso porque, através do uso da arte como linguagem simbólica, ela convida à escuta interna, à expressão de emoções e ao resgate da espontaneidade.
Quando criamos com liberdade – seja desenhando, pintando, modelando ou colando – entramos em contato com partes nossas que muitas vezes estavam adormecidas. A arteterapia facilita o acesso ao inconsciente e permite que a pessoa se expresse de maneira autêntica, mesmo quando as palavras não são suficientes.
Além disso, o simples ato de criar com presença, sem cobranças estéticas, já é uma forma de desacelerar e sair do modo automático. O fazer artístico promove uma reconexão profunda com o corpo, com os sentimentos e com a própria história.
Um convite à reconexão
Sair do automático não é fácil – especialmente quando estamos imersos em rotinas exaustivas. No entanto, é possível. E o primeiro passo, muitas vezes, é se permitir parar, olhar pra dentro e buscar apoio.
A terapia (em qualquer abordagem) pode ser essa âncora. E, na arteterapia, o caminho passa também pela criatividade, pela intuição e pelo simbolismo – o que torna o processo não apenas transformador, mas também profundamente sensível e humano.
Se você está considerando começar um processo terapêutico criativo, é natural se perguntar quanto custa uma sessão de arteterapia. Afinal, antes de iniciar qualquer cuidado com a saúde mental, é importante entender os valores envolvidos – mas também onde é possível encontrar atendimentos acessíveis ou até gratuitos.
Portanto, neste post vamos falar com clareza sobre os preços praticados, onde procurar sessões com valor social ou gratuito e, além disso, por que a arteterapia vale cada centavo investido no seu bem-estar emocional.
Onde encontrar atendimento gratuito ou acessível?
A boa notícia é que, em muitos casos, é possível encontrar sessões de arteterapia com preços simbólicos – ou até mesmo gratuitas. Veja algumas possibilidades:
SUS e Sistema Público de Saúde: Em algumas cidades, a arteterapia está integrada ao SUS como parte das Práticas Integrativas e Complementares (PICs), sobretudo em CAPS, UBS e centros de saúde. Embora nem todas as regiões ofereçam esse serviço, vale procurar a Secretaria de Saúde da sua cidade para verificar.
Universidades e Instituições de Ensino: Muitos cursos de arteterapia oferecem atendimentos gratuitos ou com valor social, conduzidos por estagiários supervisionados. Essa pode ser uma forma acolhedora e acessível de iniciar o processo.
Projetos sociais e ONGs: Diversas organizações promovem atendimentos arteterapêuticos gratuitos para populações vulneráveis. Pesquisar por “arteterapia + sua cidade” pode ser um ótimo caminho.
Atendimentos com valor social: Muitos profissionais formados ou em formação oferecem sessões com preços reduzidos, justamente para tornar o cuidado emocional mais acessível. Vale perguntar diretamente ao arteterapeuta.
E qual é o preço médio de uma sessão?
De acordo com a UBAAT – União Brasileira de Associações de Arteterapia, os valores referenciais para 2024 são os seguintes:
Sessão individual (1h a 1h30): varia entre R$ 150 e R$ 355;
Sessão individual a domicílio: entre R$ 200 e R$ 450;
Sessão grupal (2h a 2h30) em ateliê: entre R$ 240 e R$ 600, dependendo do número de participantes;
Sessão grupal em instituições: entre R$ 400 e R$ 800, de acordo com a proposta e o público.
Esses valores são apenas uma referência. É fundamental conversar diretamente com o profissional para entender como ele organiza o processo, quais são as condições e qual é o valor praticado em sua região ou modalidade de atendimento.
Por que vale a pena investir em arteterapia?
Além de ser uma abordagem acolhedora e profundamente transformadora, a arteterapia oferece algo único: a possibilidade de se expressar, se conhecer e se cuidar por meio da criação simbólica. Ou seja, ela não apenas ajuda no tratamento de sintomas, como também promove:
Acesso a emoções difíceis de nomear;
Redução de estresse e ansiedade;
Aumento da autoestima e do autoconhecimento;
Desenvolvimento da criatividade e da sensibilidade;
Reconexão com desejos e sentimentos profundos;
Um espaço seguro para ser você mesmo.
Como lembra Cathy Malchiodi (2005), uma das maiores referências da área, a arteterapia não é sobre fazer arte bonita, mas sobre fazer sentido com aquilo que sentimos.
Investir em arteterapia, portanto, é investir em uma escuta mais amorosa de si, em um tempo dedicado ao seu bem-estar e, principalmente, em um processo que pode abrir caminhos internos que talvez você nem soubesse que existiam.
Quanto custa uma sessão de arteterapia?
Referências
UBAAT – União Brasileira de Associações de Arteterapia. Disponível em: https://ubaat.org.br
Você sabia que a arteterapia faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS)? Embora muita gente ainda não saiba, desde 2006 essa abordagem integrativa vem sendo reconhecida como um recurso terapêutico complementar oferecido gratuitamente à população. Esse reconhecimento aconteceu com a publicação da Portaria nº 971, que instituiu a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS.
Desde então, a arteterapia vem sendo incorporada aos serviços de saúde pública em diversas regiões do Brasil. Em especial, sua presença tem se fortalecido em espaços como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), unidades básicas de saúde (UBS), hospitais-dia, centros de convivência, instituições de saúde mental e, inclusive, em programas voltados à saúde da família.
Por isso, a arteterapia pode ser oferecida em diversos contextos:
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS);
Unidades Básicas de Saúde (UBS);
Ambulatórios de saúde mental;
Hospitais e centros de reabilitação;
Programas comunitários e grupos terapêuticos.
Contudo, é importante lembrar que a oferta depende da disponibilidade de profissionais capacitados e da estrutura de cada município.
Como a arteterapia é aplicada no SUS?
Na prática, a arteterapia no SUS costuma acontecer em grupo, em encontros semanais ou quinzenais, e pode envolver diversas linguagens expressivas, como:
Pintura, colagem e desenho;
Tecelagem, modelagem ou cerâmica;
Escrita criativa, poesia e contação de histórias;
Música, dança e expressão corporal.
O objetivo é promover saúde emocional, fortalecer vínculos, estimular a escuta e permitir que os participantes expressem emoções de maneira segura e simbólica.
Muitas vezes, a arteterapia é utilizada como recurso terapêutico complementar para pessoas em sofrimento psíquico, com diagnósticos de ansiedade, depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, entre outros.
Quem pode ter acesso?
Qualquer pessoa atendida pelo SUS pode participar das oficinas de arteterapia, desde que o serviço local ofereça essa prática. Em geral, a entrada é feita por encaminhamento dentro da própria rede, seja por médicos, psicólogos ou assistentes sociais.
Além disso, em alguns municípios, a arteterapia também pode ser oferecida por meio de projetos de extensão universitária, programas sociais e grupos de convivência ligados à saúde mental.
Conclusão: arteterapia no SUS é possível – e necessária
Ainda que nem todas as cidades ofereçam arteterapia de forma ampla, sua presença no SUS é um passo importante para democratizar o cuidado emocional. Afinal, a saúde mental é um direito de todos – e a arte, quando usada com propósito terapêutico, pode ser uma ferramenta profunda de acolhimento e transformação.
Portanto, se você se interessou, vale perguntar no CAPS ou UBS mais próxima se a prática está disponível, ou buscar projetos sociais e comunitários com essa abordagem.
Onde a arteterapia se encaixa dentro do SUS?
Referências:
Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS – PNPIC. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
Ministério da Saúde (2020). Práticas Integrativas e Complementares no SUS: uma realidade em expansão.
Perder alguém querido é uma das experiências mais dolorosas da vida. Por isso, se você sente que está em luto e não sabe como continuar, saiba que isso é absolutamente compreensível. O luto não segue uma linha reta, e cada pessoa o vivencia de forma única. No entanto, conhecer as etapas desse processo pode ajudar a acolher o que está acontecendo com mais gentileza e clareza.
1. Negação
A primeira reação de muitas pessoas diante de uma perda é a negação. Embora pareça contraditório, isso acontece porque o cérebro precisa de tempo para absorver o impacto. A negação, portanto, atua como um mecanismo de defesa temporário, nos protegendo da dor intensa.
Nesse estágio, é comum pensar frases como: “Isso não pode estar acontecendo” ou “Parece que a pessoa ainda vai voltar”. Embora seja difícil, esse momento inicial é essencial para que o psiquismo vá, aos poucos, se adaptando à nova realidade.
2. Raiva
Com o tempo, a dor começa a emergir, e junto com ela vem a raiva. Ela pode ser direcionada a si mesmo, a outras pessoas, ao destino ou até à própria pessoa que se foi. Embora possa parecer desconfortável, sentir raiva faz parte do luto e precisa ser acolhido.
Segundo Elisabeth Kübler-Ross (2008), autora da teoria dos cinco estágios do luto, a raiva é uma tentativa de encontrar sentido para a perda – e por isso não deve ser reprimida, mas sim compreendida.
3. Negociação
Neste estágio, a mente busca alternativas para “voltar no tempo” ou “evitar a dor”. É comum ter pensamentos como: “E se eu tivesse feito diferente?” ou “Se eu me comportar de tal forma, talvez a dor passe logo”. Essa fase é marcada por um esforço emocional para recuperar o controle da situação.
Embora muitas vezes seja silenciosa, a negociação mostra o desejo profundo de evitar a dor, revelando o quanto o vínculo perdido é significativo.
4. Depressão
Com a aceitação de que a perda é real, pode surgir um grande vazio. Essa etapa costuma ser acompanhada de tristeza profunda, isolamento, falta de motivação e apatia. No entanto, sentir tristeza aqui não é sinal de fraqueza – é uma forma de elaborar a ausência e reorganizar a própria vida.
5. Aceitação
Com o tempo, e respeitando o próprio ritmo, a aceitação começa a surgir. Isso não significa “esquecer” ou deixar de sentir falta, mas sim encontrar um novo lugar para essa pessoa dentro da própria história. A aceitação abre espaço para seguir com a vida, levando consigo o amor e as memórias vividas.
É nesse momento que, muitas vezes, é possível perceber que a dor se transformou em saudade – e que ainda há caminhos a serem trilhados.
Como a arteterapia pode ajudar no luto?
A arteterapia pode ser uma aliada extremamente sensível e transformadora no processo de luto. Isso porque, muitas vezes, faltam palavras para expressar o que se sente. No entanto, as imagens, as cores e os símbolos podem traduzir o que a fala não consegue.
Além disso, a arteterapia não exige “saber desenhar”. O foco está no acolhimento, na escuta e no processo simbólico que se constrói entre o criador e sua obra. E justamente por isso, ela pode ser uma forma muito delicada e profunda de elaborar o luto.
Durante as sessões, o arteterapeuta propõe atividades que auxiliam na expressão emocional, como cartas ilustradas para quem partiu, mandalas da saudade, colagens com memórias afetivas, entre outras técnicas. Tudo isso acontece em um espaço seguro e respeitoso.