Para quem é indicada a arteterapia: Se você já se questionou se a arteterapia é para o seu momento, saiba que essa dúvida é extremamente comum. Afinal, muitas pessoas acreditam que é necessário ter habilidade artística ou saber desenhar.
No entanto, a verdade é que a arteterapia não se baseia em produzir belas imagens. Pelo contrário, o foco está no processo criativo, no acolhimento e na transformação que ele proporciona.
Portanto, ao longo deste post, você vai descobrir com clareza para quem a arteterapia é indicada. Além disso, vai entender se ela pode, de fato, ser para você – e tudo isso com embasamento.
Quem pode se beneficiar da arteterapia?
A resposta, na prática, é simples: qualquer pessoa. Contudo, ela é especialmente indicada para quem deseja:
- Se conhecer melhor e se expressar de forma mais autêntica;
- Cuidar da saúde emocional, aliviando sintomas como estresse, ansiedade e tristeza;
- Acolher processos como luto, transições, mudanças ou crises existenciais;
- Desenvolver autoestima, autoconfiança e amor próprio;
- Reconectar-se com a criatividade, a sensibilidade e sua própria essência;
- E, além disso, expressar aquilo que as palavras não conseguem, por meio da arte simbólica.
De forma complementar, é importante saber que diversos estudos mostram que a arteterapia também auxilia em casos específicos. Ela oferece suporte em situações como transtornos de ansiedade, depressão, burnout, TDAH, TEA, autismo, borderline e outras questões emocionais. Embora não substitua a psicoterapia convencional, ela se apresenta, muitas vezes, como um caminho acolhedor, sensível e extremamente eficaz. – sem substituir a psicoterapia convencional, mas, muitas vezes, oferecendo um caminho acolhedor e eficaz.
Evidência científica: o que comprovam as pesquisas?
A arteterapia não é apenas uma prática sensível, ela é também uma abordagem com respaldo científico.
- Para pessoas com TEA (autismo), por exemplo, estudos sistemáticos confirmam que a arteterapia oferece ambientes seguros para comunicação não verbal, expressão emocional e desenvolvimento de habilidades sociais.
- Quando falamos de crianças e adolescentes, as pesquisas apontam melhoras significativas no comportamento, na expressão emocional e na regulação sensorial – além de favorecer o desenvolvimento cognitivo e social.
- Já no tratamento da ansiedade e depressão, diversos estudos relatam uma redução expressiva dos sintomas. Isso inclui, inclusive, resultados positivos em idosos que enfrentam depressão associada à ansiedade.
- Em contextos mais delicados, como câncer e doenças crônicas, a arteterapia mostrou-se eficaz no alívio da ansiedade, da fadiga, da depressão e até da dor física. E o mais interessante: esses benefícios costumam se manter mesmo após as sessões.
- Além disso, revisões sistemáticas confirmam que a arteterapia traz benefícios reais para diversos quadros de saúde mental – incluindo depressão, PTSD, transtornos de personalidade e esquizofrenia -, com resultados positivos na imensa maioria dos estudos analisados.
Em suma, a literatura científica sustenta que a arteterapia não só alivia sintomas, como também melhora o bem-estar geral, fortalece o desenvolvimento emocional e amplia a qualidade de vida. Mesmo que, claro, algumas áreas ainda demandem mais estudos, os resultados até aqui são muito promissores.
Arteterapia é para todas as idades
Se existe algo verdadeiramente bonito na arteterapia, é justamente o fato de que ela não tem idade. Esse é um processo que acolhe desde crianças pequenas até idosos – e cada fase da vida encontra, na criação, um caminho de expressão, acolhimento e transformação.
Isso acontece porque, ao longo da vida, nem sempre conseguimos colocar em palavras tudo aquilo que sentimos. E é justamente aí que a arteterapia se torna tão potente: ela oferece um espaço onde o que importa não é falar certo, nem criar certo – mas sim, se permitir sentir, expressar e cuidar de si.
Segundo a arteterapeuta e pesquisadora Cathy Malchiodi (2005), a arteterapia é uma linguagem que atravessa gerações, porque trabalha diretamente com os símbolos e com a imaginação – recursos que estão presentes em qualquer ser humano, independentemente da idade.
Para crianças, ela se torna uma ponte segura entre o mundo interno e o externo. Muitas vezes, elas ainda não têm recursos pra entender ou explicar o que sentem, e a linguagem simbólica da arte permite que emoções ganhem forma, cor e espaço. Assim, a arteterapia ajuda na regulação emocional, na construção da autoestima, na socialização e no desenvolvimento de uma relação mais saudável com as próprias emoções.
Como explica Sandra Ciornai (1995), “a arteterapia permite que a criança externalize conteúdos internos de maneira segura, criativa e simbólica, favorecendo tanto o desenvolvimento emocional quanto cognitivo.”
Para adolescentes e adultos, ela se torna um refúgio, um lugar de escuta, criação e resgate de si. Através da arte, é possível acessar questões profundas, muitas vezes difíceis de serem ditas – seja ansiedade, inseguranças, estresse, sobrecarga, crises existenciais ou dores emocionais que foram sendo acumuladas ao longo do caminho.
Shaun McNiff (2009), um dos maiores pesquisadores da área, reforça que a arteterapia não é sobre fazer arte, mas sim sobre transformar a vida através do fazer artístico. Ele afirma que o processo criativo é, por si só, terapêutico e promotor de saúde mental em qualquer fase da vida.
Na terceira idade, a arteterapia se torna também um espaço de fortalecimento da memória, da autonomia e da vitalidade. Mais do que isso, promove bem-estar emocional, alivia a solidão e resgata memórias afetivas – além de fortalecer a autoestima e estimular funções cognitivas e emocionais que, muitas vezes, vão sendo esquecidas na correria da vida ou no processo de envelhecer.
Estudos como o de Stuckey e Nobel (2010) reforçam que práticas expressivas, como a arteterapia, estão diretamente associadas à melhora da saúde física, mental e emocional de idosos, contribuindo para redução de sintomas de depressão, estresse e até de dores físicas.
Portanto, não existe idade certa pra começar. A arteterapia acolhe quem somos em qualquer fase da vida – e, de forma leve, sensível e profunda, abre caminhos pra que cada um possa se expressar, se cuidar e se transformar no seu próprio tempo.
Precisa saber desenhar? E quem não tem habilidade?
Essa é uma das maiores dúvidas, mas também um dos maiores mitos. Em várias pesquisas e revisões, ficou claro que a técnica não exige talento artístico. O importante é o processo simbólico, expressivo e emocional — não a estética da obra .
Portanto, se você acha que não “sabe desenhar”, saiba que isso não é um obstáculo – e sim, muitas vezes, uma porta de acesso ao seu inconsciente, suas emoções e seu autoconhecimento.
Conclusão: a arteterapia é para mim?
De forma clara e acolhedora: sim, a arteterapia pode ser indicada para praticamente qualquer pessoa que:
- Quer cuidar da própria saúde emocional de forma criativa e humana;
- Busca apoio para emoções difíceis (como tristeza, luto, ansiedade);
- Tem dificuldade em se expressar com palavras ou gosta de se expressar através da arte;
- Deseja aprender a se acolher, se conectar consigo e com os símbolos internos;
- E valoriza um processo de autoconhecimento, sensibilidade e transformação.
E, embora não substitua a psicoterapia, ela pode ser uma poderosa aliada – seja sozinha ou em conjunto com outras formas de cuidado.

Fontes e Referências Bibliográficas
- Ciornai, S. (1995). Arteterapia: O resgate da criatividade na vida. São Paulo: Summus Editorial.
- Malchiodi, C. A. (2005). A arte que cura: Manual de arteterapia. Porto Alegre: Artmed.
- McNiff, S. (2009). Arte como cura: Reflexões sobre arte e terapia. São Paulo: Summus Editorial.
- Stuckey, H. L., & Nobel, J. (2010). The Connection Between Art, Healing, and Public Health: A Review of Current Literature. American Journal of Public Health, 100(2), 254-263. https://doi.org/10.2105/AJPH.2008.156497
- Kim, S. K. (2018). The effectiveness of art therapy for depression: A systematic review and meta-analysis. The Arts in Psychotherapy, 60, 1-9. https://doi.org/10.1016/j.aip.2018.03.002
- Slayton, S. C., D’Archer, J., & Kaplan, F. (2010). Outcome studies on the efficacy of art therapy: A review of findings. Art Therapy, 27(3), 108-118. https://doi.org/10.1080/07421656.2010.10129660
- Martin, L. A., Oepen, R., Bauer, K., Nottensteiner, A., Mergl, R., & Hegerl, U. (2018). Creative arts interventions for stress management and prevention—A systematic review. Behavioral Sciences, 8(2), 28. https://doi.org/10.3390/bs8020028
- Rubin, J. A. (2016). Introdução à arteterapia: Fontes, teoria e prática. Porto Alegre: Artmed.
- UBAAT — União Brasileira de Associações de Arteterapia. Disponível em: https://ubaat.org.br
- AATERGS — Associação de Arteterapia do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://aatergs.com.br